A receita é da minha Maria do Carmo (uma das minhas avós adoptadas). Meio Beirã, meio Alentejana, cozinha de uma forma simples e simplesmente fabulosa.
De entre as iguarias que confecciona, apresentou-me há muitos anos as farófias. Doce que não fazia parte dos hábitos gastronómicos lá de casa, mas que depressa se tornou numa das presenças incondicionais de algumas épocas festivas.
Das épocas festivas passámos aos jantares oferecidos aos amigos lá em casa... E daí até à sobremesa de eleição para levar para casa de amigos foi um passo.
É, neste momento, totalmente desnecessária a pergunta: "Queres que leve alguma coisa?" Foi o que, mais uma vez, aconteceu ontem!
É um doce que faço quando tenho claras que sobram de outras confecções em que só utilizo as gemas. Ou quando tenho já guardadas bastantes claras (podem ser congeladas - para as utilizar basta deixar descongelar ao natural).
De qualquer modo, não havendo claras adicionais, eis o que me ensinou a minha Maria (com a alteração do pau de canela que a receita original não leva)...
Ingredientes:
* Esta é a quantidade de açucar que costumo usar, de qualquer forma, dependendo do grau de gulosice poderá ser retirado ou acrescentado açucar. É uma questão de experimentar.
Modo de Preparação:
Bata as claras em castelo e, quando estiverem bem firmes junte 6 colheres de açúcar.
Reserve numa tijela +/- 2dl. de leite frio, no qual deverá desfazer as gemas.
Num tacho coloque o restante leite a aquecer juntamente com o restante açucar, o pau de canela e a casca do limão (se gostar do sabor limonado, pode usar em alternativa raspa).
As farófias, para não reduzirem substancialmente de tamanho após a cozedura, não podem ficar demasiado cozidas. Depois de muitas experiências desenvolvemos o método "mínimo & máximo".
Quando o leite levantar fervura, reduza a temperatura do fogão para o mínimo. Com uma colher vá coloque 2 a 3 porções de claras no leite. Tenha em atenção que elas crescem aproximadamente para o dobro do tamanho, e não convém que o tacho fique demasiado cheio.
Volte a aumentar a temperatura do fogão até ao máximo. Quando o leite voltar a levantar fervura, reduza novamente para o mínimo e volte as farófias.
Volte a aumentar a temperatura, assim que o leite voltar a levantar fervura, retire as farófias para um passador, para que vão escorrendo o leite que trazem consigo repondo-no no tacho.
Repita o procedimento até não ter mais claras.
Reduza agora a temperatura do fogão ao mínimo e junte as gemas que desfez anteriormente no leite frio e vá mexendo até engrossar o molho sem nunca levantar fervura.
Não deixe nunca de mexer este preparado, pois correrá o risco do mesmo "emborregar" (mais uma das expressões da Maria).
No entanto se tal acontecer, nem tudo está perdido, a varinha mágica faz maravilhas - descobri outro dia por acaso! Bom acaso diga-se de passagem, tinha feito 4 dúzias de ovos de farófias (distribuição de Natal a pedido de alguns amigos) .
Para que o molho fique mais consistente (ou pelo menos mais rapidamente) há quem junte farinha maisena (1 colher). Não uso nunca, não me parece necessário, requer é certo mais alguma paciência - demora mais tempo a engrossar apenas com as gemas.
Está feito! basta agora cobrir as farófias com o molho acabado de preparar e decorá-las com canela. Há quem prefira não colocar a canela na altura, deixando a opção de as consumir com ou sem canela.
São deliciosas frescas, mas morninhas.... soberbas.
Nota: À falta de limão, a laranja funciona igualmente bem.